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Daniel 4
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1848 - Almeida Antiga
1
NEBUCADNEZAR Rei; a todos os povos, nações, e lingoagens, que morão em toda a terra, paz vos seja multiplicada.
2
Me pareceo bem, fazer notorios os sinaes e maravilhas, que Deos o Altissimo tem feito comigo.
3
Quam grandes são seus sinaes, e quam poderosas suas maravilhas! seu reino he reino sempiterno, e seu senhorio de geração em geração.
4
Eu Nebucadnezar estava quieto em minha casa, e florecente em meu palacio.
5
Vi hum sonho, que me espantou: e as imaginações em minha cama, e as visões de minha cabeça me turbárão.
6
Por mim pois se fez hum decreto, para introduzir perante mim a todos os Sabios de Babylonia, que me fizessem saber a interpretação do sonho.
7
Então entrárão Magos, Astrologos, Chaldeos e Adevinhadores: e eu disse o sonho diante delles, mas não me fizérão saber sua interpretação.
8
Porem por derradeiro entrou perante mim Daniel, cujo nome he Beltsasar, segundo o nome de meu Deos, e em o qual ha espirito dos deoses santos: e eu disse o sonho diante delle:
9
Beltsasar, Principe dos Magos, de quem eu sei, que ha em ti espirito dos deoses santos, e nenhum segredo te he difficil: dize me as visões de meu sonho, que vi, a saber, sua interpretação.
10
Erão pois as visões de minha cabeça, em minha cama: eu estava vendo, e eis huma arvore em meio da terra, cuja altura era grande.
11
Crecia esta arvore, e se fazia forte: assim que sua altura chegava até o ceo, e foi vista até o cabo de toda a terra.
12
Sua folhagem era formosa, e seu fruto muito, e para todos havia mantimento nella: debaixo della as bestas do campo achavão sombra, e as aves do eco fazião morada em seus ramos, e toda carne se mantinha della,
13
Eu estava vendo em as visões de minha cabeça, em minha cama: e eis que hum Vigiador, hum Santo descendia do ceo.
14
Clamando fortemente, e dizendo assim; cortae a arvore, e decotai seus ramos; arrancai suas folhas, e derramai seu fruto,
que
fujão as bestas debaixo della, e as avesde seus ramos.
15
Porem o tronco
com
suas raizes deixai na terra; e com atadura de ferro e de bronze, na herva do campo: e seja molhado do orvalho do ceo, e sua parte seja com as bestas em a grama da terra.
16
Seu coração seja mudado, que mais não seja
coração
de homem, e seja lhe dado coração de besta: e passem sobre elle sete tempos.
17
Esta causa
se faz
por decreto dos Vigiadores, e esta petição
por
dito dos Santos: a fim que conheção os viventes, que o Altissimo se ensenhorea dos reinos dos homens, e os dá, a quem quer; e
até
o mais baixo dos homens constitúe sobre elles.
18
Isto
em
sonho vi eu Rei Nebucadnezar: tu pois Beltsasar, dize a interpretação; porque todos os Sabios de meu reino não pudérão fazer-me saber sua interpretação, mas tu podes; pois ha em ti espirito dos deoses santos.
19
Então Daniel, cujo nome era Beltsasar, estava attonito quasi huma hora, e seus pensamentos o espantavão: fallou
pois o
Rei, e disse; Beltsasar, não te espante o sonho, nem sua interpretação; respondeo Beltsasar, e disse; Senhor meu, o sonho
toque
a teus aborrecedores, e sua interpretação a teus inimigos.
20
A arvore que viste, que crescéra, e se fizera forte: cuja altura chegava até o ceo, e que foi vista por toda a terra.
21
E cujas folhas erão formosas, e seu fruto muito, e em que para todos havia mantimento: debaixo da qual mora vão as bestas do campo, e em cujos ramos habitavão as aves do ceo:
22
Tu és este, ó Rei, que creceste, e te fizeste forte: e tua grandeza creceo, e chegou até o ceo, e teu senhorio até o cabo da terra.
23
E quanto ao que vio o Rei, hum Vigiador, hum Santo,
que
descendia do ceo, e disse; cortai a arvore, e a destrui, porem o tronco
com
suas raizes deixai na terra; e com atadura de ferro e de bronze, na herva do campo; e seja molhado do orvalho do ceo, e sua parte seja com as bestas do campo, até que passem sobre elle sete tempos:
24
Esta he a interpretação; ó Rei: e este he o decreto do Altissimo, que virá sobre o Rei, meu Senhor.
25
A saber, te lançarão de entre os homens, e tua morada ha de ser com as bestas do campo, e serás apacentádo com herva como os bois, e serás molhado do orvalho do ceo; e sete tempos passarão sobre ti: até que entendas, que o Altissimo se ensenhorêa dos reinos dos homens, e os da, a quem quer.
26
E quanto ao que foi dito, que deixassem o tronco
com
as raizes da arvore; teu reino te ficará firme, depois que tiveres ententido, que o Ceo reina.
27
Portanto, ó Rei, praza a ti meu conselho, e desfaze teus peccados por justiça, e tuas iniquidades por usar de misericordia com os pobres, se porventura houver prolongação de tua paz.
28
Todas estas cousas viérão sobre o Rei Nebucadnezar.
29
Porque
a cabo de doze mezes,
quando
andava passeando sobre o palacio Real de Babylonia.
30
Fallou o Rei, e disse, porventura não he esta a grande Babylonia, que eu edifiquei para
ser
casa Real, com a força de minha potencia, e para gloria de minha magnificencia?
31
Ainda estava a palavra na boca do Rei, quando cahio huma voz do ceo: a ti se diz, ó Rei Nebucadnezar, o reino he traspassado de ti.
32
E te lançarão de entre os homens, e tua morada será com as bestas do campo, com erva serás apacentado como os bois; e sete tempos passarão sobre ti; até que entendas, que o Altissimo se ensenhorêa dos reinos dos homens, e os dá, a quem quer.
33
Em a mesma hora se cumprio a palavra sobre Nebucadnezar, e foi lançado de entre os homens, e comia erva como os bois, e seu corpo foi molhado do orvalho do ceo: até que seu pelo crecia como o de aguia, e suas unhas como de aves.
34
Mas ao fim d`aquelles dias eu Nebucadnezar levantei meus olhos ao ceo, e meu entendimento se tornou a mim; e eu bendisse o Altissimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre: cujo senhorio he senhorio sempiterno, e seu reino de geração em geração.
35
E todos os moradores da terra são contados como nada, e segundo sua vontade faz com o exercito do ceo, e os moradores da terra: e ninguem ha que possa estorvar sua mão, e lhe dizer, que fazes?
36
No mesmo tempo meu entendimento se tornou a mim, e a dignida de de meu Reino, minha magestade e meu resplandor se tornou sobre mim; e meus Capitaens e meus Grandes me buscárão: e foi restabelecido em meu reino, e maior gloria me foi acrecentada.
37
Agora
pois
eu Nebucadnezar louvo, e exalço, e glorifico ao Rei do ceo; porque todas suas obras são verdade, e seus caminhos juizo: e pode humilhar aos que andão com altiveza.
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